Princípios da MTC incorporados ao dia-a-dia

A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) é um sistema terapêutico milenar que propõe um cuidado integral com a saúde, tratando o corpo como um todo — físico, emocional e energético. Entre suas principais ferramentas está a fitoterapia, ou seja, o uso medicinal de plantas, chás e alimentos, muitos dos quais estão ao nosso alcance em lojas de produtos naturais ou até na feira do bairro.

Na MTC, cada alimento ou planta tem uma “natureza” (quente, morna, neutra ou fria), um sabor e um efeito sobre o corpo. Por exemplo, o gengibre fresco, amplamente usado no Brasil, é considerado quente e picante, ideal para estimular a circulação, combater resfriados e auxiliar na digestão lenta. Já a camomila, de natureza levemente fria, ajuda a acalmar o fígado e o sistema nervoso, sendo excelente para estresse, ansiedade e problemas do sono.

A erva-doce, popular nas casas brasileiras, é usada para aliviar desconfortos digestivos e também acalmar, sendo especialmente útil em casos de cólicas ou gases. Em sintonia com os princípios da MTC, seu sabor doce e ação morna fortalecem o baço e o estômago, órgãos-chave para o equilíbrio do corpo.

Para quem busca mais energia e vigor, uma alternativa é o uso do guaraná em pó, rico em cafeína natural e com propriedades estimulantes. Embora mais conhecido por seu efeito energizante, ele também aquece o corpo e pode ser usado com cautela em casos de fadiga ou sensação de frio interno.

Outra planta muito presente nas prateleiras brasileiras é a capim-cidreira (erva-cidreira). De natureza refrescante, ela é usada em infusões para acalmar a mente, melhorar o sono e reduzir a irritabilidade — atuando no eixo fígado-coração, segundo a lógica da MTC.

Na alimentação, a canela é uma aliada poderosa. De natureza quente e sabor picante-doce, ela estimula a circulação, aquece os rins e ajuda em casos de frio nas extremidades, cólicas e sensação de cansaço no inverno. Já a pera cozida com mel e gengibre é um remédio caseiro inspirado na tradição chinesa para aliviar tosses secas e hidratar os pulmões, especialmente útil em tempos secos ou após gripes.

Em vez de fórmulas complexas tradicionais como a Ba Zhen Tang, podem-se criar infusões com plantas locais que seguem a mesma lógica terapêutica. Um exemplo seria combinar gengibre, canela, camomila e mel para fortalecer o sistema digestivo, aquecer o corpo e acalmar a mente — uma “fórmula brasileira” para o equilíbrio.

A grande vantagem da fitoterapia chinesa, mesmo adaptada com produtos locais, é sua abordagem preventiva e personalizada. Ela trata não apenas sintomas, mas suas causas energéticas, ajudando o corpo a encontrar seu ponto natural de equilíbrio.

Hoje, mais do que nunca, redescobrir o uso consciente das ervas é um ato de reconexão com a natureza e com nós mesmos. A sabedoria milenar da MTC nos mostra que o caminho da cura pode começar com um chá simples, preparado com intenção, conhecimento e respeito ao nosso corpo. E isso, felizmente, está cada vez mais ao alcance de todos.